São Paulo, da periferia ao centro, vem sofrendo enorme descaso e abandono de todas as autoridades que passaram nestes últimos 46 anos (aproximadamente, quando iniciou o fluxo migratório em busca por emprego na indústria), desde a falta de manutenção do patrimônio histórico e arquitetônico, a ausência do aparelho público, permitindo com que toda a cidade sofresse este processo de degradação e abandono humano no centro versus aglomerados hunamos na periferia, a falência de hoteis e administradoras de condomínios. Tudo, dando suporte à manutenção dos cortiços e pensões como "alternativa" às favelas para que os pobres morem no centro. Enfim, condições propícias à moradias precárias, a violência e a falta de relação entre o humano e o espaço urbano.
Para estas e tantas outras questões, percebo que a atuação dos movimentos de sem teto, com sua ação direta tomando de assalto os espaços ociosos, não estão apenas exigindo políticas habitacionais, mas também a melhoria da qualidade de vida em todos os aspectos, não apenas no "morar na metrópole" e para quem quer e vive nela, em toda sua dimensão geográfica. E a Declaração Universal dos Direitos do Homem, garante isso, ao menos garantiria se na fosse mera falácia para uma estética discursiva das autoridades.
Com isso, percebi que ser sem teto não é apenas lutar por moradia, mas compreender que a discussão sobre a utilização do espaço urbano é tão propositiva quanto pertinente no atual rítmo que São Paulo segue, pois esta discussão transcende o discurso político e princípios morais, pois trata da condição de existir no espaço urbano.
Albert Camus uma vez disse que se alguém quisesse filosofar, que escrevesse um romance. Eu optei pela fotografia pra exprimir minha relação com o mundo, com a vida, com a cidade.

foto realizada durante work shop "Arquitetura da Exclusão" em parceria com a Rever-Estudos em Fotografia (foto:Rui Bevilac)
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