terça-feira, janeiro 08, 2008

Interesso-me pelas questões de conflitos urbanos por encontrar neste ambiente, uma evidencia maior das condições contrastantes em que nos encontramos diante da modernização e de se viver em cidades, em especial em metrópoles.
Não trata-se de um discurso conservador anti modernização, trata-se de uma discussão referente aos paradigmas enfrentados pelas circunstancias "oferecidas" e enfrentadas não apenas para aqueles/as que vivem em condições consideradas "subumanas", mas para todas as pessoas que circulam, produzem, vivem nesse meio, logo, nessa condição conflitante, conflituosa, frenética e sem nexo.
Não busco resolver problema algum, não tenho a pretensão de discorrer acerca da questão com um discurso antropológico ou sociológico tampouco buscar uma resolução imediata para a questão habitacional na cidade de São Paulo, mas sim, apresentar uma discussão acerca do problema, na forma de fotografia por ser uma expressão que me interessa e ser a forma como eu me relaciono com o mundo em que vivo e interajo, tanto com ele mesmo quanto com a fotografia.
O debruçar-me e ocupar -me da questão dos conflitos urbanos, em particular a questão sem teto, não é necessariamente por ele em si, mas sim da relação do sujeito com o mundo, as relações de poder que de certa maneira implica numa discussão sociológica por tratar-se das questões de formação e consolidação da civilização, como ela se da no processo de construção da historia, mas buscando uma significação e identificação no âmbito da moral, pois é onde se forma toda a conduta ética que conduz a civilização, com seus beneficios e seus agravantes em relação às formas como se dão as interações, as interpessoalidades e estas nas questões politicas e de poder.
Se o caminho desta reflexão nos remeta às questões sociológicas e antropológicas, é um mero caminho condicionado pela academização das relações humanas que nos apresenta e impõe uma única forma de observar e interagir no mundo em que vivemos, onde “tudo” parece partir da ótica acadêmica e, que morre nela mesma.
Também não posso dizer que minha relação com a questão em si seja meramente artística, pois não trata-se de uma estética da miséria ou coisa parecida. Pretensiosamente, busco uma reflexão mais voltada para a filosofia, buscando compreensão acerca das questões que norteiam o pensamento humano e as relações humanas em meio aos acontecimentos, buscando uma base de apoio na formação da civilização e na construção histórica pra tentar identificar, ou mesmo apontar os erros cometidos do decorrer de nossa historia, na formação de nossa cultura e na consolidação da civilização nomenclaturada moderna.
Na minha compreensão, a fotografia permite-me esta reflexão, pois não estamos na paz que se propagandeia! Estamos diante de um conflito eminente onde as relações de poder se consolidam de forma avassaladora sobre determinadas camadas sociais apresentadas como fragilizadas por uma propaganda que as impõe uma condição de subserviência frente ao poder e à condição em que encontram-se, criando conceitos e comportamentos que fazem com que elas apresentem-se exatamente desta maneira: uma vítima.
"Vidas Sem Teto- A Arquitetura da Exclusão", pretende ser um desmoronador de paradigmas sociais e não simplesmente “desconstrutor”, mas numa perspectiva nietzschiana, que nos propõe filosofar com o martelo, busco fazer o mesmo com a fotografia, fazer algo duro, seco, sem vitimas indefesas e inocentes, pois pra mim, essas pessoas jamais apresentaram-se como vítimas indefesas. Por isso elas lutam!

Transcrever a filosofia nietzschiana para a fotografia é tao complicado quanto a própria filosofia do autor. Porem, é impossível recusar a tentação de se buscar algo nesse sentido.

Anderson Barbosa

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